A Ministra da Terra e Ambiente, Ivete Maibaze, defendeu que, Moçambique, apesar de ser menos poluente e altamente vulnerável aos efeitos nefastos das mudanças climáticas, com impactos que representam um obstáculo significativo aos esforços e ambições de desenvolvimento, não se coloca apenas numa posição de vítima, mas sim como parte integrante da solução.
A dirigente defendeu esta posição explicando que, o país tem um potencial hidroelétrico único, recursos solares abundantes e reservas significativas do gás natural. Estes recursos, quando aproveitados de forma eficaz, podem não só reduzir os impactos ambientais relacionados aos gases do efeito estufa, mas também aproximar as nações das ambições de sustentabilidade e de desenvolvimento.
A governante moçambicana, que falava esta quarta-feira, 06, numa Mesa Redonda sobre a Transição Energética de Moçambique, organizada à margem da Cimeira do Clima em África, que decorre em Nairobi, Quénia, trouxe ao debate a necessidade de envolver os países menos poluentes, que muito pouco fazem parte das discussões sobre a transição energética global.
Citando o relatório da Aliança Global de Energia para as Pessoas e o Planeta, Ivete Maibaze, disse que, se os cerca de 80 países poucos desenvolvidos, em termos de energias limpas, forem deixados fora deste processo, a sua contribuição anual para as emissões globais poderá crescer nos próximos anos. “A transição energética não é apenas uma questão de descarbonizar os sistemas energéticos existentes, mas também de construir os sistemas energéticos do futuro”, realçou.
Para manter a meta de 1,5 graus de aquecimento, serão necessários esforços adicionais para acelerar e intensificar as transições em todos os segmentos da economia e em todas as partes do mundo. “Esta é uma tarefa difícil que exigirá novas formas de coordenação, cooperação, parcerias e financiamento”.
A Directora Nacional de Energias, no Ministério dos Recursos Minerais e Energia, Marcelina Mataveia, explicou na sua apresentação que, o país tem potencial enorme do gás natural, um combustível que foi eleito como o de transição energética e que a sua demanda vai continuar a crescer nos próximos anos.
“Nós partilhamos neste evento os trabalhos que estão em curso no âmbito da elaboração da Estratégia de Transição Energética, onde já estabelecemos um grupo de trabalho multissectorial em que participam sectores- chave como o de recursos minerais e energia, transportes e comunicações, ambiente, agricultura e da economia e finanças”, explicou Mataveia.
A Estratégia de Transição Energética deverá ser concluida até Outubro próximo e perspectiva-se o seu lançamento durante a Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a ter lugar de 24 de Novembro a 12 de Dezembro no Dubai, Emirados Árabes Unidos.